11/08/2017

Leandro Wachholz e Guilherme

Pai e filho dividem o mesmo tatame

Pai e filho dividem o mesmo tatame
Guilherme, 9 anos, é o orgulho do pai, o sensei Leandro Wachholz, que buscou no judô uma maneira de ter um tempo para ficar mais próximo do filho
A correria do dia a dia e os compromissos como corregedor da Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul fizeram com que Leandro Wachholz, 40 anos, unisse o útil ao agradável. Para sua alegria, ao convidar o filho, Guilherme, 9 anos, para participar das suas aulas de judô, o garoto não só aceitou praticar o esporte como também já se destacou em competições. Assim, além de ensinar, é possível ter um programa somente entre os “meninos” da família.
Natural de Venâncio Aires, foi na sua cidade natal que, por incentivo do pai Paul Wachholz, Leandro ingressou nas aulas de judô. Na época, o menino de 10 anos descobriu no esporte uma nova maneira de encarar a vida. “Comecei porque queria aprender a brigar”, recorda. Mas, com o tempo, o pensamento amadureceu, e a visão mudou completamente. “Percebi que não era mais pela luta e, sim, pela filosofia.” Filosofia esta que Leandro passa para o filho Guilherme. “Agora, entendo o sentimento do meu pai quando me colocou para fazer arte marcial. Ele ficava lá do meu lado, sempre me incentivando.” O sensei recorda que o sonho do pai era lutar, mas, como não foi possível, investiu no filho. “Ele ficava realizado ao me ver no judô.”
Tudo o que aprendeu sobre judô, Leandro deve ao sensei Alécio Moraes, por quem guarda muito carinho e respeito. “O Alécio é um exemplo de pessoa. Todos os seus alunos se deram bem profissionalmente e têm um bom relacionamento na sociedade.” Na sua visão, a maioria das pessoas entra para lutar. “É impossível ultrapassar a faixa verde e não se apegar à filosofia do judô.”
Ele garante que o judô só trouxe benefícios para a sua vida. “O judô foi o ponto de partida para chegar aonde eu cheguei fora do tatame.” Além dos valores aprendidos, como disciplina, por exemplo, Leandro garante que percebeu melhora na sua concentração, além de ter ajudado no seu problema de asma.
Faixa preta
Foi em 2003 que Leandro passou no exame e recebeu a tão aguardada faixa preta. “Momento em que ganhei o direito de dar aulas, mas sempre digo que sou um eterno aluno.” Entretanto, desde os 10 anos, ele participa de competições e, em 2016, se despediu do mundo dos confrontos. “Perdi as contas de quantos campeonatos já participei, mas foram vários regionais, um vice-campeonato estadual e um 3º lugar no Brasileiro de Veteranos.”
No ano de 2015, por convite de Edson Soares, o sensei passou a dar aulas em Lajeado, onde já residia com a esposa Simone. Desde então, um grupo cuida da parte burocrática para formalizar a criação da Associação Lajeado de Judô, localizada na Avenida Senador Alberto Pasqualini, 193, sala 201, no Centro da cidade.
Focado nos ensinamentos, Leandro se reveza com o sensei Pércio Guth para dar as aulas todas as terças e quintas-feiras, das 18h às 19h30min, para as crianças; e das 19h30min às 21h, para adultos. “A minha preferência é a turma das crianças, porque não é só a luta, só o esporte, é a coordenação, o senso de localização, são vários sentidos, e a criança é mais ágil no pensamento.”
Leandro diz que é gratificante ver a evolução dos pequenos. “Eles aprendem a ter um raciocínio rápido, a ter disciplina, a serem organizados, enfim, vários valores que não ficam somente na arte marcial, mas que são levados para a vida deles.”
De pai para filho
Pensando em todos os benefícios que o judô proporciona para o aluno, Leandro resolveu convidar, em 2015, o filho Guilherme para fazer parte do grupo, que, atualmente, é faixa azul ponta amarela. “Eles vêm pela brincadeira, mas vão se adaptando e gostando.” O sensei diz que a relação entre pai e filho está mais fortalecida após o início das aulas. “É um momento nosso. Em razão do meu trabalho e constantes viagens, foi também uma forma que encontrei para estar mais próximo dele.”
Guilherme, o “Gui”, diz que entrou no judô para aprender a se defender. “Queria praticar um esporte para também não ficar só em casa.” O garoto afirma que fez muitas amizades e que está sempre atento aos ensinamentos do pai. “O bom é que não é só treino, tem o momento da brincadeira também.” Gui, que já participou de seis campeonatos, diz que tem muito orgulho de ter o pai como professor. “Quando vale medalha, levo mais a sério, daí procuro ficar mais focado.”
Orgulhoso do filho, Leandro diz que ele já participou de campeonatos regionais e, em duas oportunidades, ganhou medalha, uma de 2º e outra de 3º lugar. “O maior título que ele pode ter é ser bem visto na sociedade, pelo seu caráter, e é isso que o judô ensina.” Pai da caçula Manuela, de 1 ano, o sensei garante que irá comprar um quimono rosa para a pequena também começar a frequentar suas aulas, pois a ideia é reunir toda a família no tatame. “A Simone (esposa) também já foi convidada.”
Fonte texto: Carolina Gasparotto

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