09/08/2017

Rodrigo Conte

Dos dribles no campo para as ondas do rádio

Dos dribles no campo para as ondas do rádio
Rodrigo Conte, 39 anos, atuou como jogador profissional de futebol de 1994 até 2002. Mais tarde, ganhou notoriedade como repórter e apresentador
O mascote do Guarani, time do interior de Marques de Souza, cresceu e deixou de ser o rostinho simpático da equipe para se tornar um filho ilustre. Rodrigo Conte, 39 anos, tornou-se jogador profissional de futebol, atraiu todos os olhares no período em que vestiu camisas de diversos clubes no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo e, anos depois, após pendurar as chuteiras, conquistou o seu espaço em Lajeado como repórter e apresentador.
Natural de Vila Fão, onde havia poucas opções de lazer, Conte viu no primo uma possível oportunidade de também poder jogar futebol. Na época, Gelson Conte vestia a camisa do Clube Esportivo Lajeadense. “Ele me incentivava, mas, até então, eu só jogava na quadra da comunidade.”
Em 1989, sua família decidiu morar na cidade de Porto Ferreira, no interior de São Paulo. Lá, o garoto passou a jogar em escolinhas, onde atuava como zagueiro. “Disputei vários campeonatos durante dois anos e lembro que eu era um bom batedor de faltas.” Fascinado pelo futebol, Conte conta que não conseguia pensar em outra coisa, e os estudos acabaram não sendo mais a prioridade. “Repeti a 6ª série porque só queria saber de jogar bola.”
O ex-jogador profissional conta que passou por situações difíceis para atuar pelos campos em decorrência do seu problema de saúde. “Entre os meus 10 e 14 anos, sofria de bronquite asmática. Nos trabalhos físicos, tinha dificuldade de respiração, e o esporte me ajudou muito nesse sentido.”
De volta ao Vale do Taquari, em 1991, o jovem veio morar em Lajeado. “Foi um ano em que o Lajeadense teve um retrospecto fantástico. Os jogadores da base foram revelados.” Conte recorda que, naquela época, o sonho de todo menino era atuar no Alviazul. “Sempre fui normal no tamanho, mas com 13 para 14 anos, comecei a esticar, momento em que resolvi começar a jogar de centroavante.” As primeiras experiências na nova posição ainda ocorreram em São Paulo.
Aos 15 anos, Conte ingressou no juvenil do Lajeadense, após ver o grupo correndo na rua. “Meu irmão (Fabiano) pagou pra mim a camiseta, o calção e o par de meias, enquanto a minha tia comprou a chuteira.” O ex-jogador profissional conta que o período foi de superação. “Estudava de manhã, trabalhava à tarde e saía às 17h, mas o treino era às 16h.”
Com isso, o jeito era sempre treinar com o time júnior, com meninos que eram três anos mais velhos do que Conte. “Dificilmente conseguia treinar com a minha categoria, mas chegava a fazer bons treinos com os juniores.” Após o compromisso no Lajeadense, o jovem ainda precisava encarar o segundo turno de trabalho, desta vez, como revisor no jornal O Informativo do Vale. “Muito da minha disciplina profissional devo ao Elton de Andrade.”
A era no futebol profissional
Em 1994, quando tinha 17 anos, Conte integrou o time profissional do Lajeadense. Na época, o grupo disputava a Segunda Divisão do campeonato e tinha Paulo Sérgio Poletto como treinador. “Comecei como reserva, mas, depois, tive oportunidades e fazia gols.” Assim, o jovem disputava, simultaneamente, os campeonatos com a equipe profissional e o júnior.
Com 18 para 19 anos, Conte disputou a Taça Júnior, em Londrina, no Paraná (a segunda mais importante do país). Três jogadores do interior do Estado foram escolhidos para se juntar à base do Internacional e Grêmio a fim de participar da disputa, após dez dias de treino em Porto Alegre. “Na última semana, eu e mais dois atletas de Pelotas fomos os selecionados.”
Na competição, Conte teve boas atuações e ficou como vice-artilheiro da taça, com seis gols; já o time, garantiu a 5ª colocação. “O nosso ataque era feito pelo Guga e pelo Luciano (jogador de Portugal), e eu os acabei desbancando porque fazia gols.” Na época, surgiram muitas especulações de que o Vasco, Paraná Clube, Palmeiras e Portuguesa estariam interessados na contratação do centroavante. “Todos queriam saber quem eu era.”
No entanto, o passe de Conte pertencia a José Asmuz. “Foi um cara que mais me atrapalhou do que ajudou.” O ex-atleta profissional revela que o empresário sempre queria supervalorizar o seu passe, o que acabava não sendo interessante para os clubes.
Mesmo assim, em 1997, Conte vestiu a camisa do Figueirense e foi o capitão do time. “Disputei um campeonato júnior (estadual) e depois algumas partidas da Série C do Brasileiro.” Aos poucos, o clube começava a escalar o jogador, e suas boas atuações chamaram a atenção da imprensa. “Lembro que em uma transmissão em rede estadual, um radialista me elogiou.” Em uma das partidas, o centroavante marcou dois gols, em Tubarão.
Nesse meio-tempo, Conte teve uma rápida passagem pelo Atlético Paranaense. “O Asmuz supervalorizou o meu passe, e o Figueirense não achou mais interessante me manter no grupo.” O ex-jogador profissional diz que a melhor fase da sua carreira foi vivida entre os 18 e os 24 anos. “Foi a época em que times de Portugal e Espanha queriam me contratar.” Decepcionado por não ter assinado contrato com o Figueirense em razão da resistência de seu empresário, ele retornou ao Rio Grande do Sul.
Revista Placar e futebol paulistano
Em 1998, o atleta assinou contrato com o Avenida. “Subimos para a Primeira Divisão.” Na época, o time de Santa Cruz do Sul era o único do país com 11 vitórias seguidas. “Por isso, saiu uma matéria na Revista Placar e eu estava na fotografia que ilustrava esse conteúdo.”
No ano seguinte, em 1999, foi a vez de atuar no São José e no São Paulo de Rio Grande, na Segunda Divisão. “Tivemos campanhas razoáveis.” No fim de 99, Conte conseguiu se desvincular de Asmuz e do Lajeadense. “Meu sonho era jogar em São Paulo, onde se tinha o futebol mais valorizado do país.”
Desta forma, Conte conseguiu assinar, por um ano, contrato com o Rio Branco de Americana, time bastante qualificado na época. “Peguei meu passe e fui para São Paulo.” O atleta dividia a moradia com o colega Alberto. “Fui aproveitado em dois jogos.” Em 2000, vestiu a camisa do Ferroviária de Araraquara, pois foi emprestado, e nas partidas, fez vários gols. Após, passou pelo XV de Jaú e retornou para o Rio Branco, onde disputou algumas partidas na Série C de Americana.
Em 2001, Conte teve o salário mais alto da sua carreira, no Aga de Garanhuns, no Nordeste. “Cheguei supervalorizado.” Na pré-temporada, como o campo era muito seco, o atleta teve uma bolha de sangue no pé e precisou ficar quatro meses parado. “Deitava na cama com o pé de lado e, por isso, tive uma tendinite.” Assim, o jogador preferiu fazer um acordo com o clube e voltar para Lajeado.
No ano seguinte, em 2002, ainda vestiu a camisa do Marcílio Dias e Tiradentes, em Santa Catarina. “Por motivos particulares, resolvi dar um tempo do futebol profissional.” Conte conta que muitas pessoas queriam que ele voltasse, mas a decisão já estava tomada. “Foi uma experiência bastante positiva. Deu certo enquanto eu jogava, e faria tudo da mesma maneira.”
Crescimento pessoal e profissional
Conte diz que jamais indicaria para um filho seguir a carreira de jogador profissional de futebol. “Esse meio é muito ilusório.” De cabeça erguida, ele diz que traçou um novo caminho para a sua vida. “Queria deixar de ser boleiro e estava com a cabeça totalmente diferente.”
Assim, começou uma vida nova como vendedor de produtos alimentícios, depois foi professor de Informática e vendia perfumes, panelas e leite. Em 2005, foi convidado por Adair Weiss para ser colunista esportivo do jornal A Hora. O interesse da Rádio Independente ocorreu em 2008 em decorrência do bom relacionamento de Conte no mundo esportivo. “Primeiro, conciliava os dois, mas, em 2008, recebi uma proposta oficial para integrar a equipe.”
Desde 2010, Conte mantém uma coluna esportiva do jornal O Informativo do Vale e, atualmente, atua como repórter e apresentador da Rádio Independente. Ele garante que o seu sonho é realizado todos os dias. “Estou realizando um sonho, que é trabalhar aqui (Rádio Independente).”
O ex-jogador profissional garante que o fascínio pelo futebol e pelo rádio era notório desde criança. “Eu gravava vinhetas/músicas e brincava de fazer a locução.” Certo dia, após a mãe de Conte dizer que os atletas jogavam dentro do rádio, ele resolveu se certificar e desmontou o aparelho da família. “É uma realização profissional trabalhar na Rádio Independente. É a minha segunda família.”
Mas como todo apaixonado por futebol, Conte não consegue ficar longe da bola. Há seis anos, ele joga minifutebol no Clube Tiro e Caça (CTC), onde veste a camisa do Metralhas (força livre) e Coroas C (veterano), com o qual é bicampeão da Copa Integração CTC/Sete. Além disso, o ex-atleta profissional teve passagens pelo futebol amador da região, em que atuou no Estudiantes de Conventos e na SER São Cristóvão, em Lajeado (foi campeão do Municipal); Fluminense, de Westfália; e Brasil, de Marques de Souza.

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