09/08/2017

Fabiano Luís Ferreira, o “Cotona”

Menino andarilho sonhava em ser jogador profissional de futebol

Menino andarilho sonhava em ser jogador profissional de futebol
Fabiano Luís Ferreira, 32 anos, o “Cotona”, deixou de lado o seu desejo de ser atleta profissional e construiu um nome no amador dos vales. Ele já chegou a disputar cinco municipais ao mesmo tempo
Quando o galo cantava, por volta das 5h, Fabiano Luís Ferreira, 32 anos, o “Cotona”, sabia que estava na hora de levantar para pegar o ônibus que o levaria aos confrontos da escolinha de futebol, mas, diferentemente dos demais colegas, o aquecimento parecia não ter fim. Em dias de jogos, durante uma hora e 30 minutos, na chuva, no sol ou no frio, lá estava o menino de apenas 11 anos a caminhar em busca do seu sonho: ser um jogador profissional.
Nos dias em que não tinha carona, ele caminhava do Bairro Floresta até o Alvorada Center, localizado na Avenida Senador Alberto Pasqualini, de onde partia o ônibus da Escolinha Nacional para os confrontos. “Não sei exatamente quantos quilômetros eu andava, mas acredito que era uns seis ou sete.”
Já nos dias de treinos, ocorridos no Bairro São Bento, o trajeto a pé era mais curto. “Aí era só uns três ou quatro quilômetros (risos). De um bairro para o outro, porque, depois, pegava um ônibus até o ginásio.” Assim, o guri magrinho, mas que batia forte na bola, começou a ganhar confiança na função de ponteiro esquerdo. “Quando eu tinha uns 10 anos, surgiu o apelido ‘Cotonete’, que logo depois virou ‘Cotona’.”
Desde o início, Cotona foi um dos destaques dos times por onde passou. Mesmo com a pouca idade, já tinha muitas medalhas e recortes de jornais com matérias sobre os jogos dos quais participava. Aos 14 anos, integrou a escolinha do Clube Esportivo Sete de Setembro e, dois anos depois, após ser aprovado no “peneirão” do Ademir Ajardo, passou a atuar no time juvenil e júnior do Clube Esportivo Lajeadense, onde passou a desempenhar a função de meia-atacante. “Uma das minhas marcas registradas eram os gols feitos de fora da área, de bola parada.”
Após um período na base do futebol profissional, Cotona decidiu se arriscar no amador. “Em 2000, joguei no Segundinho do São Bento e conquistamos o vice-campeonato no Municipal.” Também foi para a final com o Minuano de Canudos do Vale. Com idade para disputar o título no time principal, o atleta vestiu a camisa do Independente, do Passo de Estrela, em 2003 e 2004. “Ficamos com o vice da Copa Vale do Sampaio e fui o craque do campeonato.”
Foco no objetivo
Cotona conta que aproveitou ao máximo todas as oportunidades que teve de jogar no amador, pois sabia que quanto mais experiência tivesse, melhor seria no momento de mostrar suas habilidades com a bola nos gramados profissionais, sem contar que também era uma forma de ficar na vitrine. “Sempre tive o sonho de jogar profissional, então, foquei.”
Ainda em 2004, o jogador disputou o Municipal de Santa Clara do Sul, com o time Santa Clara FC e, no ano seguinte, novamente. “Em 2005, conquistamos o Municipal, e fui o craque do campeonato.” O comunicador Moisés Ely narrava a final e chamou Cotona para dar uma entrevista na rádio. “Então, recebi o convite do Ney Fensterseifer para integrar o Lajeadense.”
No dia 4 de janeiro de 2006, Cotona começou a vestir a camisa nas cores azul-celeste e branco. “Foi um grande aprendizado. O começo foi de adaptação, mas muito bom.” O jogador começou com o pé direito, pois na Segundona Gaúcha, fez dois gols, um contra o Avenida e, o outro, contra o Guarani de Bagé. “Após, fui emprestado para o CRM Maravilha, de Santa Catarina.”
O time buscava a Divisão de Acesso do campeonato catarinense. Cotona foi o vice-artilheiro, com seis gols. Houve convite para jogar no Chapecoense e, em 2007, no Juventude, mas uma grave lesão muscular afastou o atleta dos gramados por seis meses. “Voltei para o Lajeadense, joguei várias partidas, mas me machuquei novamente.”
Adeus ao sonho
No ano de 2008, o meia-atacante resolveu retornar ao amador e foi campeão com as duas equipes (veja no quadro). Passou pelo Cruzeiro de Nova Santa Cruz e 25 de Julho de Cruzeiro do Sul (foi o goleador, com 11 tentos em dez jogos). “Em 2009, pensei em voltar para o profissional, pois havia recebido convites de times de Farroupilha, Pelotas e do próprio Lajeadense, mas uma nova lesão me tirou do foco.”
Uma lesão no ombro direito afastou, novamente, o atleta dos gramados. Foram mais cinco meses de “molho”. “Perdi o foco no futebol profissional.” Desde 2009, Cotona passou por diversas cidades e agremiações, nos vales do Taquari e Rio Pardo. Em boa parte das competições, ele levou a melhor, com títulos de craque, goleador e várias taças de campeão em municipais e regionais. “Em 2014, disputei cinco municipais, em Monte Alverne, Boqueirão do Leão, Lajeado, Marques de Souza e Vera Cruz.”
Aos sábados, Cotona defende, há três anos, a camisa do time Polêmicos, no Sete de Setembro; na Soges, ele joga pelo Anjos da Noite, equipe que ajudou a fundar. E nos domingos não é diferente. “Este ano, disputei o Municipal de Lajeado, com o Estudiantes de Conventos, e em Santa Cruz do Sul, com o Flor de Maio; no Regional, irei com o Campestre.”
Bola pra frente
Cotona diz que não se arrepende de ter desistido do futebol profissional. Acredita ter-se retirado na hora certa, pois as lesões dificultaram o seu caminho. “Minha primeira paixão sempre foi o futebol, não deu profissionalmente, mas me realizo no amador.”
O atleta diz que vive 100% o campeonato de que participa e se doa ao time que confia no seu futebol. Ele também abdica de noites de lazer e de programações extensas. “Tenho toda uma preparação. Durmo e acordo cedo, faço uma alimentação mais leve, além de cuidar da questão muscular, com futebol durante a semana e pedaladas.”
Cinco anos é o período que o meia-atacante ainda pretende jogar no futebol amador. “Hoje, não sei viver sem futebol. Em situações de lesões, fico ‘doente’ de não poder treinar e jogar.” Questionado sobre o seu novo sonho, Cotona é direto: “Ver minha família (esposa Marciane e filho Filipi) feliz”.
Quadro de troféus
Bicampeão Municipal de Santa Clara do Sul - Santa Clara FC (2005) e Cruzeiro Nova Santa Cruz (2008);
Campeão Municipal de Sério - Avante (2005);
Campeão Municipal de Boqueirão do Leão - São Roque (2010);
Tetracampeão Municipal de Lajeado - União de Carneiros (2010), Estudiantes (2011), União Santo André (2013) e SER Delfino Costa (2014);
Campeão Municipal de Marques de Souza - Bragantino (2014);
Campeão Municipal Monte Alverne - Flor de Maio (2015);
Bicampeão Regional Série B - 25 de Julho de Cruzeiro do Sul (2008) e Travesseirense (2011);
Campeão Regional Vale do Rio Pardo - Clube Vera Cruz (2009);
Campeão Regional Vale do Taquari - União Santo André (2013);
Bicampeão Supercopa - 25 de Julho (2008) e Travesseirense (2011);
Bicampeão do Cafusal - Cosmos (2010 e 2011);
Campeão da Soges (Primeira Divisão) - Estudiantes (2014);
Campeão futsal Soges - Anjos da Noite (2014);
Bicampeão Intercamping, em Marques de Souza - Cosmos (2010) e Maravilha FC (2014);
Campeão do Pituca, em Arroio do Meio - Só Barulho (2013);
Campeão Cristo Rei - Rei da Carne (2013);
Campeão Aberto Verão Languiru - Schneider Construtora.

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