08/08/2017

Gelson Conte

Ex-aluno de Mano Menezes agora é professor à beira do gramado

Ex-aluno de Mano Menezes agora é professor à beira do gramado
Gelson Conte, 47 anos, criou um laço afetivo com o futebol. Após atuar como jogador e ser artilheiro do Gauchão, com 17 gols, investiu na carreira de treinador
O menino de Vila Fão cresceu. Tornou-se jogador profissional de futebol. Conheceu diversos lugares e pessoas até se tornar técnico. Gelson Conte, 47 anos, ficou conhecido por balançar a rede 17 vezes durante o Gauchão de 1991, com a camisa do Clube Esportivo Lajeadense, um momento histórico na vida do ex-atleta. Mais de uma década foi dedicada ao trabalho de jogador, mas, após dez dias de estágio no Corinthians, com Mano Menezes, surgiu um novo projeto: treinar times.
O técnico guarda boas lembranças do seu primeiro contato com a bola e recorda que existia uma paixão muito grande pelo futebol na comunidade de Vila Fão, atual Bela Vista do Fão. “Me criei jogando no Grêmio Esportivo Guarani, sempre de atacante.” O ex-atleta diz que a família praticamente ajudou a construir o clube. “Lembro que as comunidades eram muito fortes e unidas.”
Após passar a infância e o início da adolescência no interior, Conte mudou-se para Lajeado, onde começou a estudar na 8ª série do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, o “Castelinho”. “Na época, trabalhei em uma loja de materiais de construção e, depois, como repositor no Supermercado Imec.” Foi na base do Clube Esportivo Lajeadense que o garoto passou por sua primeira avaliação. “Na quinta oportunidade, fui participar. Na época, o time era comandado pelo Gilberto da Rosa, o ‘Rosinha’ (já falecido).”
Após sua boa avaliação, Conte foi convidado para integrar o time júnior do Alviazul e disputar os campeonatos da categoria no ano de 1986. “Fui mais com o intuito de participar, jogamos somente uma fase, conseguimos cinco gols e todos foram meus.” No ano seguinte, em 1987, o garoto foi convidado para residir na concentração do clube. “Larguei o trabalho e fui morar no Lajeadense.”
No mesmo ano, Conte vestiu a camisa do time profissional, com a qual disputou a Copa do Estado. De 1988 até 2000, o jogador passou por quase 20 equipes. Foi para o Esporte Clube Encantado; Grêmio Santanense, de Santana do Livramento; Pradense, de Antônio Prado; Flamengo, de Horizontina; São Paulo, de Rio Grande; Lajeadense; Internacional, de Porto Alegre; Bragantino e Ponte Preta, de São Paulo; SER Caxias; Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo; São Luiz, de Ijuí; Esporte Clube Novo Hamburgo; Francisco Beltrão, no Paraná; Guarani, de Cruz Alta; CSA, de Alagoas; e Esporte Clube São Gabriel.
Artilheiro do Gauchão com 17 gols
O ano de afirmação na carreira de Gelson Conte foi 1991. Com 17 gols no Gauchão, ele tornou-se o artilheiro da competição, com a camisa do Lajeadense. No ano seguinte, foi para o Internacional, onde teve a oportunidade de atuar no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. Em 1993, retornou para o Alviazul e, depois disso, passou por diversos times, tendo bons resultados em boa parte deles. “Em 1994, fui vendido para a família de Nabi Abi Chedid.”
Momento em que foi para o Bragantino e Ponte Preta, ambos em São Paulo. Após, foi campeão da Segunda Divisão, com o Guarani de Venâncio Aires, em 1997. “Esse foi o ano de início da carreira de Mano Menezes como técnico.”
No mesmo ano, o jogador foi campeão da Copa Galego, com o São Luiz, de Ijuí. “Após passar por todos os times já citados, em 2000, encerrei a minha carreira como atleta profissional de futebol no Esporte Clube São Gabriel.”
Conte diz que o início da sua carreira profissional foi bastante positivo. “O meu auge foi a partir de 1991, quando fui goleador do Estado pelo Lajeadense e tive a oportunidade de jogar o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil pelo Internacional.”
O ex-atleta conta que tudo ocorreu conforme o previsto até 1997. “Na minha época, as garantias eram menores, se ganhava bem menos do que nos dias de hoje.” Ele afirma ter tido apenas uma ou outra lesão muscular, o que permitiu que conseguisse ter uma boa sequência de jogos, com excelentes atuações.
Na bagagem, muitas histórias para contar. “Aprendi uma coisa que as pessoas esqueceram muito dentro do esporte, que é a identificação com a camisa que se veste.” Conte diz que na época em que atuou como jogador, tudo era diferente e, agora, como técnico, consegue perceber que o jogador virou uma moeda, em que existem muitos querendo acertar na loteria. “Os atletas colocavam a alma em campo. Isso não existe mais, principalmente nos clubes do interior.”
Vida de treinador
No ano de 2006, Conte foi convidado para ser o técnico do time juvenil do Alviazul, que, naquele período, era comandado pela Associação de Pais. Assim, em 2007, ele passou a treinar os juniores e também o juvenil do clube. “Nesse meio-tempo, fiz um mês de estágio no Grêmio, com o Juninho Camargo.” Em 2008, ainda no Lajeadense, terminou duas fases na Segunda Divisão.
Em 2009, o ex-atleta teve uma oportunidade única em sua vida. Durante dez dias fez um estágio com Mano Menezes. Na época, ele treinava o Corinthians. “Fui para aprender e tenho muita admiração por esse profissional, assim como também tenho pelo Tite, Cuca e Felipão.”
Ainda em 2009, Conte teve a sua primeira experiência como técnico no futebol profissional e foi no Três Passos Futebol Clube. Passou pelo SER Panambi, em 2010; Juventus, de Santa Rosa, em 2011; São Luiz de Ijuí, em 2012, onde treinou o time que disputou o Gauchão. “Em 2012, conquistamos um título inédito para o Aimoré, de São Leopoldo, quando ficamos com a taça de campeão da Segunda Divisão. Foi o único título do clube em 70 anos, e eu era o treinador.”
Em 2013, Conte passou pelo Cerâmica, de Gravataí, onde permaneceu no ano seguinte. E, em 2015 e 2016, esteve à frente do Esporte Clube São Gabriel, mesmo time em que encerrou a carreira como atleta profissional. “Não está descartada a possibilidade de ficar no São Gabriel, mas é preciso dar sequência, aflorar a carreira como técnico.”
Questionado se há interesse de treinar o time profissional do Lajeadense, Conte diz que existe uma identificação com o Alviazul. “Tenho respeito e admiração pelo clube. Foi onde tudo começou.” Por outro lado, o técnico diz que sonha estar à frente de um clube da Série A, mas evita dar sugestões de nomes.
“Precisamos dividir tudo em etapas. Não pode haver ansiedade. É preciso batalhar e se manter qualificado para o mercado.” O treinador conclui que existem ótimos profissionais que buscam esse mesmo caminho, de chegar a comandar um clube bem estruturado. “Um bom resultado só se consegue através de muito trabalho.”
Ex-atleta diz que encara tudo como aprendizado, tanto os acertos quanto os erros. “Sou muito concentrado no meu trabalho, e quando assumo a responsabilidade com um clube, vivencio isso 24 horas por dia.” Ao seu lado, há cinco anos, está o auxiliar técnico Jeferson Câmara. “Ele jogou futebol profissional durante 17 anos e é um excelente auxiliar.”
O treinador que gosta de conversar olho no olho diz que tem fama de chato e durão, mas, no fundo, possui um coração enorme, que sempre está disposto a ajudar com uma palavra amiga. “Não podemos achar que passando um vídeo iremos motivar o atleta. Futebol é feito dentro de campo.”
Tempo para a família
De férias em Lajeado, o treinador espera que a rotina fora dos gramados seja curta. Ele aproveita os momentos de descanso para estar perto daqueles que mais ama: esposa e filha, mas diz não conseguir ficar muito tempo “parado”. “Estou buscando mais conhecimentos, lendo, além de estar em contato com os amigos.”
Conte diz que tem conversado com os treinadores da dupla Gre-Nal, Roger e Argel (à época), e os três costuram um encontro para colocar a conversa em dia. “Como me entrego para o trabalho, consigo estar pouco com a família, então, esses momentos são valiosos.” O técnico acredita que tudo irá se estabelecer na hora certa e diz que dificilmente vai abrir mão de sua profissão. “No futebol é preciso vencer hoje, amanhã e sempre.”
Fonte texto: Carolina Gasparotto

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