08/08/2017

Rebordose

Rebordose: mais de duas décadas de história no CTC

Rebordose: mais de duas décadas de história no CTC
Com 15 anos de idade e sem opção de campeonato para disputar, grupo de amigos resolveu fundar time e, ao lado dos pais, criar sua segunda família
No verão de 1995, mais precisamente no dia 14 de março, na piscina do Clube Tiro e Caça (CTC), nascia um dos times participantes do maior campeonato interno de minifutebol do Sul do país. Naquele dia, Henrique Pretto, o “Bigi”; Rodrigo Viana; Felipe Kremer, o “Gordinho”; Cassiano Birkheuer, o “Cascão”; além dos irmãos Emerson e Júnior Fernandes, resolveram fundar o Rebordose.
Segundo Bigi, o nome foi dado pelo amigo Cascão, que sempre que estava de ressaca, brincava estar com “rebordose” no estômago. “Naquele mesmo ano, jogamos a Terceira Divisão, pois, na época, não existia a Quarta.” Um dos fundadores recorda que já no primeiro ano ocorreu a conquista do primeiro título. “Foi uma das épocas mais legais, pois nós tínhamos 15 anos, e os nossos pais jogavam com a gente.”
Pai de Bigi, Jacy Pretto conta que os jogadores mais experientes davam um bom equilíbrio para o time. Diferentemente do irmão, Jura Pretto, que jogava na linha, ele atuou, desde a fundação, como treinador do Rebordose. Recorda que Dario Kunzler e Geraldo Viana também vestiram a camisa nas cores verde e branca.
“Tivemos o incentivo dos pais desde o início e foi muito bacana poder defender o mesmo time ao lado do meu pai e do meu tio”, observa Bigi. Quando não podiam entrar em campo, os pais auxiliavam do lado de fora. “O Geraldo Viana, por exemplo, era o nosso diretor.”
No ano seguinte, em 1996, com o título da Terceira, a equipe garantiu vaga na Segunda Divisão e voltou a ter boas atuações, o que assegurou a taça da Segundona, dando os créditos de dois anos de time, dois anos de títulos. “Buscávamos jogadores como o Mineiro no Nacional, que era uma escolinha da época, conhecida por revelar vários talentos, como o Bolívar”, explica Jacy, ao destacar que o Rebordose, no início, era o Nacional com nome diferente no CTC.
Com o título de campeão da Segunda, em 1997, foi a vez de estrear na Primeira Divisão. “Não fizemos um bom campeonato e voltamos para a Segunda Divisão”, conta Bigi. Jacy recorda que, naquela época, os times eram bastante unidos, e a maioria dos jogadores disputava apenas um campeonato, ou seja, não era a correria que é hoje de ir para o Sete e, às vezes, também para a Soges. “Eram grupos bem unidos e fortes.”
Em 1998, foi a vez de dar a volta por cima e novamente faturar o título da Segunda Divisão. “Foi o nosso terceiro título e, desde 1999, sempre estivemos na Primeira Divisão”, afirma Bigi.
Várias formações
Com o passar dos anos, vários atletas se despediram do Rebordose; alguns por completo, outros, ainda fazem questão de se fazer presentes sempre que possível. Júnior Fernandes, por exemplo, reside em Curitiba, mas sempre que está em Lajeado faz questão de saber como está o desempenho do seu time do coração. “O Viana, atualmente, é narrador esportivo da Rádio Gazeta AM, em Santa Cruz do Sul, e, assim, vários outros integrantes seguiram suas vidas profissionais e pessoais”, garante Jacy.
Ele recorda que, em decorrência da saída dos atletas, em alguns anos, foi bastante difícil montar o time. “Teve anos que não conseguimos fechar os 20 e acabamos participando do campeonato com 15 jogadores inscritos.” Jacy diz que foram temporadas de superação. “O Rebordose possui o jogador mais experiente do campeonato, que é o Sérgio Feldens, o “Soneca”. Ele é de 59 e atua na Primeira Divisão há 40 anos. Em nosso time, é o goleiro reserva e gourmet.”
Jacy explica que o Rebordose surgiu como uma extensão da família, mas lamenta que, nos dias de hoje, ninguém tenha tempo para dar sequência às programações pós-jogo. “As festinhas de aniversário eram nas casas dos pais dos atletas; tínhamos um grupo que pegava junto.”
O treinador conta que era um time de meninos com participação interessante nos eventos sociais. “Eles saíam do campo e continuavam no grupo de apoio.” Por querer manter essa essência e espírito de equipe unida, o técnico atesta que o time nunca pensou em pagar pelos jogadores, pelo contrário, eles ajudam no racha para os churrascos e taxa de arbitragem.
Mas, como qualquer equipe, é preciso contar com apoiadores e patrocinadores para se manter vivo na competição. De acordo com Bigi, o primeiro fardamento do Rebordose foi doado por Heron de Oliveira, e os primeiros patrocinadores foram Malharia Laza e Ruy Motos. O grupo adotou as cores verde e branca para fugir da dupla Gre-Nal e estabelecer uma identidade para o grupo.
Atualmente, a Ômega Construtora e Incorporadora e a Vanusa Esportes são as patrocinadoras da equipe. Além disso, segundo Jacy, existem pessoas que auxiliam nas despesas.
Três gerações
Jacy diz que sempre esteve presente no time porque sabia que o esporte seria um bom caminho para o seu filho seguir com saúde e longe de problemas. “Eles tiveram uma adolescência longe da noite, estavam focados no futebol, e isso nos tranquilizava.”
Além disso, o treinador diz que não se perdeu a essência de manter a relação entre pais e filhos, aproximando as famílias. “Participamos ativamente da educação e formação deles, e isso é um ponto altamente positivo.”
O problema de um era dividido com os demais e, assim, às vezes, um pai era orientado pelos demais sobre alguma situação pela qual estava passando. “Foi uma extensão do educar que funcionou muito bem.”
Bigi, que é um dos jogadores do Rebordose, também é a cabeça pensante do time e sonha em ver o filho Dante vestir a camisa da equipe, que deu muitas alegrias para a família Pretto. “Faço as coisas que são necessárias e consigo organizar tudo porque tenho o apoio da Rô (esposa), que pega junto comigo.” Assim, ele separa os fardamentos, água, faz as ligações para os jogadores e cuida de cada detalhe para que os atletas se preocupem somente com a partida. “Dá muito trabalho, mas é bastante gratificante.”
Texto: Carolina Gasparotto

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