04/08/2017

Dirlei Broenstrup, o “Mão de Pedra”

O sacrifício de hoje é a vitória de amanhã

O sacrifício de hoje é a vitória de amanhã
Após quatro vitórias em lutas nos EUA, várias nacionais e uma na Argentina, Dirlei Broenstrup, o “Mão de Pedra”, segue No ritmo de treinos em busca de mais conquistas
Na pequena Westfália, Dirlei Broenstrup, 34 anos, jogou futebol durante a infância. Na época, era o esporte disponível, mas foi na adolescência que ele descobriu a sua verdadeira paixão: a arte marcial. No início, o objetivo era perder peso e definir a musculatura, mais tarde, os treinos começaram a ficar mais sérios, e a vontade de aprender, cada vez mais, tomou conta do hoje conhecido Mão de Pedra.
Como residia em uma cidade pequena, Broenstrup encontrou dificuldades no início, pois precisava sair de Westfália e ir a Lajeado para conseguir treinar. “Conheci uma academia em Lajeado, onde ministravam lutas. No primeiro encontro com o tatame foi quase um amor à primeira vista”, recorda o atleta. Depois disso, foi dada a largada para a corrida em busca de conquistas e DE reconhecimento. “Mais do que lutar, eu amo muito treinar, pois é onde consigo fazer o equilíbrio corpo e mente sempre sãos.”
Atualmente, o atleta divide seu tempo entre os treinos, aulas na Academia Mão de Pedra e o trabalho como socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Teutônia. “Treino duas a três vezes por dia, entre corrida, musculação, muita técnica de MMA (Mixed Martial Arts), treinos de jiu-jítsu, boxe, muay thai e wrestling.”
Mão de Pedra diz que escreve, a cada novo dia, mais uma página da sua história no MMA. Prova disso é que traçou vários objetivos para a sua carreira e encontrou o sucesso. Nos Estados Unidos da América, ele teve quatro lutas profissionais; em todas se saiu vitorioso. “Morei durante seis meses em Los Angeles e em Massachusetts, onde pude adquirir experiência.”
Além disso, possui uma vitória na Argentina e várias nacionais. “Assistia a vários atletas lutando e sonhava um dia chegar lá.” O sonho se transformou em realidade, pois Mão de Pedra já foi colega de treino de grandes ídolos, como Fabrício Verdum, Gabriel Napão, Rafael dos Anjos, José Aldo, Maldonado e Rafael Cordeiro. “Treinei com vários wrestlers campeões mundiais e com os melhores treinadores do mundo.”
Broenstrup é o atual campeão do Jungle Fight, em que já fez duas defesas de cinturão. Ele foi convidado e participou do filme Mais Forte que o Mundo, do José Aldo (UFC). “Só posso agradecer a Deus por todas as oportunidades que Ele me dá e agradecer às pessoas boas que convivem comigo, pois sei que a energia é fundamental para tudo isso acontecer.”
Para ele, a arte marcial ensina muitos valores como caráter, respeito, disciplina, honra e amor ao próximo. “Isso tudo nos deixa muito mais humanos, equilibrados e com o coração enorme.”
Luta diária
O MMA exige muito do praticante, segundo o lutador. Hoje, o esporte é bem complexo, e o atleta precisa estar cada vez mais completo em estilos de luta. “É preciso estar 100% tecnicamente, psicologicamente e fisicamente.” Mão de Pedra explica que, no fim, cada corrida dada a mais na madrugada, cada dia deixado de sair com os amigos, cada ida à academia treinar, cada dia de dieta que passou, ou seja, cada sacrifício é que faz o sucesso e a diferença no final. “Cada dia de persistência, de seguir com a cabeça forte, cada gota de suor traz aquele sentimento de ter feito por merecer, e isso é incrível.”
A recompensa de todo o esforço do lutador é vencer um duelo. “Nossa, é um sentimento sem explicação de superação e de dever cumprido.” O atleta recorda de uma luta marcante em sua vida profissional, feita com o Gerônimo Mondragon, um atleta da categoria de cima das pesadas, recém-contratado para lutar no UFC - a maior organização de lutas do mundo. “Decidi lutar em cima da hora, sem ter tempo para treinar como deveria para um combate, mas, mesmo assim, aceitei e ganhei no início do terceiro round, por desistência do adversário.”
Mão de Pedra recorda que foi uma guerra dentro do octógono. “Saí com um olho praticamente fechado por conta dos golpes, com uma mão quebrada e com vários hematomas.” Naquele momento da sua carreira, o atleta precisou decidir se continuaria a treinar como amador ou se investiria na modalidade como profissão. “Foi então que comecei a fazer mudanças na carreira como equipe, treinador, treinos e constante busca por evolução.”
Outro momento marcante na vida do atleta, e também na vida pessoal, foi a perda do seu maior incentivador. “Perdi meu pai (Erni Broenstrup) no dia 15 de janeiro 2015, e no dia 5 de março já havia luta marcada na defesa do cinturão do Jungle Fight, que é o maior evento de MMA da América Latina.”
Abalado com a situação, Broenstrup precisou buscar forças aonde não tinha. “Os contratos de luta não perdoam essas situações.” Ele explica que foi um mês de treino difícil, entre lágrimas e suor. “No fundo, eu sabia que era isso que ele e eu queríamos muito, e no fim, a vitória veio e foi dedicada para ele.”
O apelido
O atleta conta que o apelido Mão de Pedra surgiu porque a sua arte-mãe era o grappling e jiu- jítsu, e todos os seus adversários tinham um certo receio de lutar com ele no chão. Isso porque Broenstrup se destaca cada vez mais nos campeonatos e estava em ascensão, com inúmeras vitórias. “Surpreendi e nocauteei em cinco das minhas cinco primeiras lutas.”
Desde então, o atleta ficou conhecido pelos adversários como o Mão de Pedra, o que logo foi adotado por todos, visto que o nome Dirlei era diferente. Com uma carreira consolidada e com um nome a zelar, Broenstrup diz que jamais deixará de sonhar. “Atualmente estou treinando para participar de mais competições; muitas novidades estão por vir”, garante.
Mesmo com dificuldades e, às vezes, falta de incentivo por parte do governo e das prefeituras, Mão de Pedra sempre faz questão de agradecer a todos que apostam no esporte e nos atletas que fazem um trabalho sério. “Quero deixar o meu muito obrigado ao espaço na Revista Encontro com o Esporte, porque nós, atletas, precisamos dessa visibilidade que a mídia nos dá, pois com o esporte em alta, nós temos mais chances de conseguir novos parceiros.”
O lutador também agradece às pessoas que acompanham o seu trabalho e torcem pelo seu sucesso. “Sem nunca esquecer dos meus apoiadores e patrocinadores, que são a Languiru, Certel, Farmácia Suprivita e Stance Fight Wear.”
Texto: Carolina Gasparotto

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site.