04/08/2017

Rudimar Piccinini

No comando do microfone há 29 anos

Por amor
No comando do microfone há 29 anos
Rudimar Piccinini, 50 anos, dribla o tempo para se dedicar à sua grande paixão: narração de futebol
“Pelos caminhos do futebol, o tempo não para.” Quem nunca ouviu essa frase em uma narração de futebol no Vale do Taquari? Pois é assim que o radialista Rudimar Piccinini, da Rádio Independente, de Lajeado, narrador há 29 anos, deixa sua marca em cada partida de futebol contada.
Ao longo dessa trajetória, ainda sem prazo para se encerrar, foram inúmeras as vezes em que o ouvinte imaginou jogadores, gols e situações no campo descritos pela emoção de Piccinini. “Narrar é contar uma história de forma rápida, fiel e com emoção, para que quem está do outro lado possa imaginar e sonhar. O radialista se torna os olhos das pessoas.”
De acordo com ele, narração é improviso. Conta que para ser um trabalho de qualidade é preciso criar uma fantasia na cabeça do ouvinte, fazer brincadeiras na medida certa e usar muita criatividade e emoção nas expressões para prender a atenção de quem está na escuta.
Mas para ser craque nos microfones não é tão fácil assim, não. Rudimar Piccinini estuda muito. Ele é casado com a Nádia Locatelli há 25 anos - mãe de Ângelo Afonso - e, mesmo assim, tem uma rotina puxada.
Ele mora em Encantado, acorda às 6h, porque das 7h às 9h tem programa sertanejo na Tropical. Passa o dia em Lajeado estreitando seus contatos comerciais. Ao anoitecer, das 17h às 19h, comanda mais um programa sertanejo e há noites em que segue direto para a narração de partidas de futebol, que geralmente vão até as 23h30min. E essa rotina é diária, sendo que as narrações se intensificam nos fins de semana.
E folgas? Nem pensar. Piccinini não deixa ninguém assumir seu microfone. Ele gosta de dar a sua cara e seu jeito aos programas. “Não que seja melhor do que os outros, mas os ouvintes estão acostumados comigo e com meu jeito. Não me importo de trabalhar até a madrugada no futebol e acordar cedo para estar na rádio.”
Segundo ele, sua família está acostumada com essa rotina, até porque Piccinini vive o rádio e é apaixonado pelo futebol. “Minha esposa me conheceu assim, se acostumou e estamos juntos há 25 anos.”
Filho seguiu o mesmo caminho
O único filho de Piccinini, Ângelo Afonso, 20 anos, seguiu o mesmo caminho do pai. Estudante de Jornalismo da PUC, já trabalha desde os 18 anos como narrador esportivo da Rádio Grenal da Rede Pampa, em Porto Alegre. E por lá, o filho já faz o mesmo sucesso que o pai - é conhecido no mundo do esporte e famoso como narrador.
Essa desenvoltura deixa o pai Rudimar orgulhoso e ainda mais satisfeito. “Sou apaixonado por rádio, e ver meu filho seguindo meus passos me deixa extremamente feliz.”
Os dois, Piccinini e Afonso, já se cruzaram em diversas partidas de futebol narrando jogos - cada um para uma emissora diferente.
Como começou a carreira
Piccinini, natural de Roca Sales, sempre sonhou em ser radialista e narrador de futebol. Desde piá, brincava e imitava os narradores da cidade em jogos de futebol de botão. “Eu subia nas árvores para olhar as partidas e, de lá, brincava de narrar os jogos. Foi assim que aprendi a ter agilidade e improviso.”
Depois de terminar os estudos, virou bancário. Nesse mercado, permaneceu até os 21 anos, até que um dia, em 1987, um amigo o convidou para conhecer a Rádio Ibirubá, na cidade próxima a Cruz Alta. “Lembro bem. Fui até a rádio no sábado e me fizeram uma proposta para substituir um narrador esportivo no domingo.” Ele nunca havia narrado no ar, mas aceitou o convite e fez sucesso.
Uma semana depois, foi convidado para ser o narrador oficial da rádio. Rudimar Piccinini largou a vida atrás de uma mesa de escritório no banco e partiu para a cidade de Ibirubá, em busca da realização de um sonho: narrar partidas de futebol.
Nessa emissora, ele passou a contar as partidas de futsal e futebol amador. Lá ficou por dois anos, até vir morar em Lajeado e trabalhar na Rádio Independente, em 1989, como narrador esportivo.
Em 1991, ele deu uma guinada em sua carreira. Além de ser narrador de futebol, passou a trabalhar em outra área do rádio, a música. Ele aceitou uma proposta da Rádio Encanto e começou a comandar o programa Sertão Encanto, que ficou marcado pelo seu estilo novo. “Na época em que comecei, o sertanejo era considerado um estilo brega, mas, aos poucos, virou moda e o programa fez ainda mais sucesso.” Por lá, ele ficou 23 anos - na Encanto FM, na área musical, e na Rádio Independente como narrador esportivo.
Em 2014, ele deixou os microfones da Encanto FM e passou a comandar os programas sertanejos da Tropical FM, do Grupo Independente de Comunicação, onde permanece até hoje.
Narrações marcantes
- Copa do Mundo na França (1998)
- Copa América no Chile (1991)
- Final entre Grêmio e Ajax, no Japão (1995)
- Diversas partidas da Libertadores, Copas do Brasil, Campeonato Brasileiro e Gauchão
- Grande sonho de narrar uma final no Maracanã - Copa do Brasil, entre Grêmio e Flamengo (1997). O placar foi empate, mas o Grêmio saiu campeão.
Fonte texto: Carine Krüger

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