04/08/2017

Roberto Ferreira

Duas décadas de experiência a serviço das escolinhas de voleibol

Duas décadas de experiência a serviço das escolinhas de voleibol
Desde 1996, Roberto Ferreira, 61 anos, é professor no Colégio Mellinho e no Sinodal de Conventos, ambos em Lajeado
Sem querer, ele descobriu a sua paixão pelo mundo esportivo. Roberto Ferreira, 61 anos, precisou preencher a ausência de um professor de voleibol. Desde então, nunca mais se separou da modalidade que escolheu para ensinar dezenas de crianças e adolescentes. Já aposentado pelo Estado, o educador nem pensa em ficar longe das quadras, pelo contrário, diz que se sente realizado em poder compartilhar seu conhecimento com os jovens durante todos esses anos de serviços prestados.
Ferreira concluiu a graduação em 1979. Um ano depois, já começou a trabalhar na Escola Estadual Vidal de Negreiros, em Estrela. Na época, dava aulas de Educação Física para alunos da 5ª até a 8ª série. Entre 1979 e 81, Ferreira foi preparador físico do Clube Esportivo Lajeadense. “O voleibol surgiu inesperadamente na minha vida. Quando concluí a faculdade, trabalhava com o futebol.”
Mas, como em meio à rotina, às vezes aparecem situações diferentes, durante os jogos escolares de Estrela, um professor precisou se ausentar, e Ferreira foi chamado para comandar a equipe de voleibol. “Até então, não era muito do vôlei, pois estava focado no futebol.”
Bastou alguns treinos para Ferreira mudar totalmente de opinião, assim, aos poucos, ele aproveitou as oportunidades que surgiam. Atuou na Escola Glória e também no Colégio Martin Luther, ambos em Estrela. “Sempre trabalhei em bons colégios, no qual, sempre tive o total apoio das direções.”
Em 1996, ingressou como treinador das escolinhas de voleibol do Colégio Cenecista João Batista de Mello, o “Mellinho”, e do Colégio Sinodal de Conventos, onde atua até hoje. Além disso, Ferreira é professor em sala de aula. “Já sou aposentado do Estado, mas não me vejo em outro lugar. Me sinto muito bem e empolgado para continuar com o meu trabalho. Isso é a minha vida.”
Dedicação traz bons resultados
O professor explica que o objetivo maior da escolinha nunca foi a formação de atletas, mas a de cidadãos. “Não exijo resultados, mas disciplina e respeito às regras. Os bons resultados são consequência de um trabalho bem-feito.”
Ferreira diz que o papel do professor é estar em quadra, com os atletas, passando orientações e não sentado em uma cadeira atirando a bola, muitas vezes sem nem prestar atenção no rendimento de cada estudante. “Dificilmente perco um aluno por desistência, pois eles gostam das aulas, e isso me realiza como profissional.”
Em razão do longo período em que atua nos dois colégios, Ferreira diz que é comum dar aulas aos filhos de ex-alunos. “Acontece muitas vezes de um pai me encontrar na rua e, então, entre uma conversa e outra, percebo que já fui seu professor e que, agora, o filho é quem está na escolinha comigo.”
São 34 anos no magistério, em que Ferreira acredita já ter sido professor de mais de oito mil pessoas, entre alunos e atletas. “Minha maior satisfação é estar na rua, caminhando e, de repente, ouvir um elogio de um ex-aluno.” O treinador diz que o papel do educador é ajudar alguém de alguma forma. “Já participei de projeto social e pretendo retomar esse trabalho voluntário quando decidir me aposentar por completo.”
Escolinha de voleibol
Com uma agenda bastante agitada, Ferreira se desdobra entre as aulas nos dois colégios. No Mellinho, os treinos ocorrem às terças, quintas e sextas-feiras; já no Sinodal de Conventos, às segundas e quintas-feiras, pois à tarde, nesse dia, divide-se entre os estabelecimentos de ensino. “Na nossa escolinha, não tem distinção, não importa a altura, a cor, o peso ou sexo, basta ter vontade de participar.”
Ferreira diz que o objetivo dos dois colégios é oferecer a oportunidade para todos os alunos interessados. “Quando percebo que tem um atleta que se destaca mais, converso com ele e, então, passamos a fazer uma preparação para os campeonatos.”
Desta forma, entre outras competições, as equipes integram os Jogos do Ensino Médio (Joguem). “Em oito edições, a categoria feminina do Mellinho participou de todas as finais, enquanto a categoria masculina do Sinodal conseguiu o mesmo feito.”
O professor diz que isso é motivo de orgulho para os dois colégios. “Sempre ficamos entre os quatro finalistas.” Atualmente, Ferreira dá aulas de voleibol para 80 atletas do Sinodal e para 70 do Mellinho.
Além disso, é professor de Educação Física dos estudantes do 6º ao 3º ano do Ensino Médio. “O aluno precisa e deve aprender todas as modalidades esportivas possíveis, pois, quando sair da escola, vai gostar de praticar algum esporte.”
Palavra de atleta
Luís Gustavo Karsten, 14 anos, ingressou na escolinha de voleibol do Mellinho há três anos e atua na equipe infantojuvenil. “Já participei de vários torneios e percebo minha evolução dia após dia.” O atleta diz que joga por lazer e vê com bons olhos o fato de o time estar mais competitivo. “Quando comecei, não tinha muita gente no masculino; isso mudou depois de um ano e meio. Hoje, estamos em um bom nível.”
Já no time feminino, Júlia Weiand dos Santos, 15 anos, começou desde cedo na escolinha de voleibol e já contabiliza nove anos de atuação. Apesar da baixa estatura, ela é um dos destaques do time e, com o apoio das colegas, já trouxe várias medalhas e troféus para o Mellinho. “Aqui, aprendi a valorizar cada treino e saber manter minha concentração nos estudos e no esporte.” A jovem sonha em ser jogadora profissional de voleibol e garante que fará Educação Física quando chegar o momento de ingressar na faculdade.
Em seu último ano de colégio, Carolina Zambiasi, 17 anos, aproveita cada minuto das aulas de voleibol. A atleta é aluna do Mellinho desde o 1º ano do Ensino Médio, quando deixou sua escola no município de Marques de Souza. “Minha mãe me colocou aqui por causa do vôlei.” A atleta conta que, quando participou do Joguem, faturou diversas medalhas. “Vejo o esporte como um hobby, tenho outros objetivos para a minha vida profissional, mas quando entro em quadra é um momento para esquecer de todas as outras coisas.”
Texto: Carolina Gasparotto

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