03/08/2017

Rodrigo Rother

Um protagonista, uma entidade, duas histórias e dezenas de sonhos

Um protagonista, uma entidade, duas histórias e dezenas de sonhos
Presidente da Avates, Rodrigo Rother aceitou, há 16 anos, o desafio de comandar a equipe de voleibol infantojuvenil feminino do Colégio Martin Luther
Ele é o protagonista quando o assunto é voleibol feminino no Vale do Taquari. Há 16 anos à frente do grupo infantojuvenil do Colégio Martin Luther, Rodrigo Rother, 37 anos, fundou a Associação Vale do Taquari de Esportes (Avates), da qual é presidente, e viu uma oportunidade de lançar talentos no mercado. A base é forte, e a estrutura oferecida no município de Estrela é bastante elogiada pelas atletas que deixam suas casas e famílias para integrar o time Languiru/Martin Luther/Avates.
É o caso de Rafaela Sippel, 16 anos. A convite de Rother, em 2012, Rafaela ingressou na escolinha iniciante. Dois anos depois, ganhou uma bolsa de estudos e deixou sua casa em Bom Retiro do Sul para morar no colégio que aposta nos talentos locais. “Tudo o que eu sei aprendi aqui no Martin Luther.”
Com uma rotina puxada de estudos e treinos, quando existe uma folga, a atleta faz questão de ir visitar os familiares. “É bem difícil conciliar tudo, desde a questão técnica, até o físico e o emocional, mas aqui formamos uma grande família.” Com 1,91 metro de altura, Rafaela joga de meio de rede e é um dos destaques da equipe.
Quem também já chama a atenção na equipe é a colega de time Karine Bremm Schossler, de 15 anos. Ao participar de um campeonato estadual no município de Ijuí, em 2013, a atleta recebeu o convite, em 2015, para fazer um teste no Colégio Martin Luther e, desde então, integra o grupo. “Meu sonho é ser atleta profissional de voleibol e estou trabalhando para isso. Quero participar dos campeonatos e dar o meu melhor.”
Ao lado de outras 22 atletas, Rafaela e Karine foram duas das oito representantes da equipe Languiru/Martin Luther/Avates na Seleção Gaúcha que defenderam, no início do mês, o Estado no Campeonato Brasileiro de Seleções. Ainda integraram a equipe as colegas Eduarda Gregory da Silva, Paula Menegotto Panno, Mônica Seibel, Amanda Steglich, Paola Pavi e Claudia Agostini Scheid.
Seleção Gaúcha
O técnico da equipe da Languiru/Martin Luther/Avates, Rodrigo Rother, foi novamente o técnico da Seleção Gaúcha de voleibol infantojuvenil feminino, que defendeu o Estado no Campeonato Brasileiro de Seleções. A competição ocorreu em Saquarema, Rio de Janeiro, no Centro de Desenvolvimento da Confederação Brasileira de Voleibol.
Como 2016 é ano de Olimpíada no Brasil, todo o calendário nacional sofreu modificações. A principal competição da base brasileira ocorreu entre os dias 28 de fevereiro e 4 de março. Não foi possível garantir o título, mas o esforço do grupo foi percebido do início ao fim, tendo como resultado a quarta colocação, ficando atrás de São Paulo (1º lugar), Minas Gerais (2º lugar) e Rio de Janeiro (3º lugar).
Rother está na comissão técnica da Seleção Gaúcha desde 2002, sendo que, desde 2006, como técnico principal. Tem no currículo o comando da equipe na divisão especial do Campeonato Brasileiro de Seleções, quatro vice-campeonatos nacionais (2007, 2010, 2012 e 2013), um 3º lugar (2011) e o título máximo da história do voleibol feminino gaúcho (2014).
Como tudo começou
O interesse pelo voleibol surgiu na adolescência. Rother treinava com o pai e professor de Educação Física do Colégio São Miguel de Arroio do Meio. Aos 17 anos, chegou a disputar competições profissionais com o Bira, de Lajeado. Passou, ainda, por clubes como o Novo Hamburgo e Olímpicos, do Rio de Janeiro.
Logo após, iniciou o curso de Educação Física na Unisinos e, ao retornar para Arroio do Meio, em 1998, abriu o Centro de Treinamento Esportivo (CTE) com o amigo e então sócio Guilherme Marder. Enquanto Rother focava o voleibol, Marder ensinava futebol. “Em um mês, já estávamos atendendo mais de cem crianças”, recorda Rother.
Nas competições, as equipes de Arroio do Meio começaram a se destacar, inclusive, ganhando de times federados. Os resultados geraram o interesse do Colégio Martin Luther. Em 2000, ele foi convidado por Marcelo Sehn para auxiliar na estruturação das categorias de base de voleibol ao lado de Sandro Tomasi (já falecido). “Nós três começamos a montar tudo na época. O Sehn era o organizador do projeto, eu treinava o time feminino, e o Tomasi, o masculino.”
Logo no primeiro ano, em 2001, o Martin Luther conseguiu duas medalhas no Campeonato Estadual: de 2º e 3º colocados. As participações na Olimpíada Nacional da Rede Sinodal de Educação (Onase) também são muito importantes na visão de Rother. “No ano passado, ficamos campeões em casa. No início, não éramos ninguém, mas conseguimos o tetracampeonato, e o melhor: dentro de casa.”
Quando as primeiras atletas começaram a ser convocadas pela Seleção Gaúcha, Rother pagou para acompanhá-las nas competições. Em 2002, foi convocado para fazer parte da comissão técnica. Em 2006, tornou-se o treinador da infantojuvenil.
Além dos títulos, Rother forma talentos. Pelas mãos dele passaram jogadoras da Superliga Nacional. Dentre elas, Franciele Stédile (Renata/Valinhos), Andressa Kracheski (Bauru), Domingas Soares (Brasília Vôlei), Carla Reginatto e Paula Mohr (São Bernardo), Verônica Brod Farias, Djuly Schmorantz e Amanda Sehn (São Caetano). Também da Liga Americana (EUA), com Bárbara Krug e Liciê Leite.
Pés no chão e olhos no futuro
Ao fundar a associação, Rother passou a treinar o time adulto de voleibol da Univates, pois a ideia era formar na base e, depois, dar sequência ao trabalho. “A criação da Avates ampliou o alcance do projeto.”
Com o time Univates/Avates, o técnico foi campeão universitário e pentacampeão adulto com meninas que eram da base e depois foram para a faculdade. “Nossa ideia sempre foi ser referência na formação de atletas, mas poder dar sequência ao trabalho, dando espaço a elas dentro da nossa região, seria perfeito.”
Nos últimos seis anos, pelo menos uma atleta da base integrou a equipe da Seleção Brasileira. “Neste ano, das 24 selecionadas, oito são do Martin Luther. Isso só comprova que estamos no caminho certo.”
Por outro lado, Rother sonha em ter um time feminino profissional para disputar a Superliga. “Temos que dar continuidade para o futuro. Formamos ótimas atletas e, depois, perdemos esses talentos para times de fora.”
Enquanto isso não acontece, o técnico diz que a entidade precisa se manter, e para isso, vende números de ação entre amigos, cartões de galeto, entre outras. “Precisamos nos virar para manter vivo o esporte de base, tão importante na formação do caráter e da personalidade dessas jovens.”
Rother tem plena convicção de que o papel da Avates, do Colégio Martin Luther e de todos os que apostam nesse projeto é grandioso. “Nosso objetivo é, sim, ver a evolução de cada atleta dentro da quadra, mas ter a certeza de que estamos formando pessoas de bem é o melhor retorno.”
Também professor da Univates há dez anos, Rother já possui dois mestrados (um feito na Espanha, e outro, no Brasil) e se desdobra para dar conta de todos os compromissos. Prova disso é que durante o seu período de férias preparou as meninas da Seleção Gaúcha. “Treino a Seleção Gaúcha Infantojuvenil, cuido da coordenação técnica de todas as equipes do Martin Luther, dou aulas no curso de Educação Física da Univates, coordeno o Pibid e a Escola Esportiva da Univates (projeto social) e faço doutorado.”
No projeto desenvolvido no Colégio Martin Luther, além de Rother (responsável pela equipe infantojuvenil), atuam Marco Espíndola (técnico da equipe infantil), Marlon Bohn (equipe mirim e preparador físico de todas as categorias) e Bárbara Schneider (professora das escolinhas e minivôlei).
Texto: Carolina Gasparotto

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