03/08/2017

Carlinhos Ribeiro

Sempre acelerandooooo

Pelas pistas do Brasil
Sempre acelerandooooo
Carlinhos Ribeiro divide seu tempo entre as tradicionais atribuições e exigências de um pai de família e empresário com as de piloto, agora dedicado exclusivamente a uma categoria nacional
Corre para atender o telefone em sua sala. Pouco depois, para receber um cliente. É preciso acelerar, também, para exercer bem a função de patrão, marido, pai e outras atribuições. Mas correr nunca foi problema na vida de Luiz Carlos Ribeiro, 43 anos, o “Carlinhos”. Pelo contrário. Ao menos quando ao volante de um carro específico e preparado para esse fim. Pois o piloto de Bom Retiro do Sul, ícone das pistas no Vale do Taquari, já encara largadas em novos desafios, por novos traçados.
O hobby, que nasceu por uma breve experiência no kart quando mais jovem, agora já acelera por pistas nacionais e num grid mais sério: a Mercedes-Benz Challenge Grand Turismo, defendendo as cores da Charrua/Racing/Mecânica Ourocar, equipe própria montada em parceria com as duas empresas patrocinadoras. Carlinhos corre a categoria CLA 45 AMG da competição. E pelo Discovery Turbo, vai ser protagonista de um quadro no Programa Curva do S, onde irá mostrar sempre os bastidores dessas provas.
O campeonato (único monomarca da Mercedes no planeta) traz o maior grid de todo o automobilismo brasileiro: 41 carros. Disputadas em oito etapas, as provas têm 45 minutos e mais uma volta de duração. Ocorrem em paralelo às da Stock Car, com transmissão do canal BandSports, geralmente na parte da manhã. Em 2015, foi a preliminar do GP do Brasil de Fórmula 1. “São carros de rua, a mesma Mercedez CLA que roda nas ruas, mas com as modificações necessárias para correr na pista. Não são carros feitos especialmente para uma categoria”, explica o piloto sobre uma das peculiaridades da competição.
OITO ETAPAS
Disputada em oito etapas, a Mercedes Challenge já passou por Curitiba, onde Carlinhos cruzou a chegada em 9º. A próxima prova, dia 22 de maio, será em Goiânia. A gaúcha ocorre em Tarumã, dia 26 de junho. Passa ainda por Cascavel (julho), Interlagos (setembro), Goiânia mais uma vez (outubro), Curvelo (novembro) e Interlagos de novo (dezembro). Não é a primeira experiência de Carlinhos por esses traçados. “A primeira com dedicação integral, ao menos com participação em todas as provas, mesmo que algumas sem treinos a não ser os classificatórios”, explica. Em 2014, correu em dupla. Na única prova que teve o privilégio de correr sozinho, venceu. Em 2015, uma pole, um pódio e muitos acidentes. “De fato não foi um bom ano a não ser para a oficina e chapeação da nossa equipe. Você bate, por isso perde uma etapa seguinte; na outra há problemas de eletrônica para serem acertados. Leva tempo até você ajustar o carro de novo. Mas este ano será diferente”, garante rapidamente.
Marcas na Marcas
De 2007 a 2015, Carlinhos deixou sua marca na Marcas & Pilotos, principal categoria gaúcha. E ela deixou marcas em seu coração. Levou um título da Série B já em 2008. Foi vice da A - principal - em 2009, 2013 e 2014, e o título veio em 2015. A escolha pela dedicação exclusiva à Mercedes Challenge tem suas justificativas. “Maior visibilidade, maior prazer, uma competição nacional. Querendo ou não, as pessoas estão sempre buscando se superar, e comigo não é diferente. Essa nova categoria é um novo desafio”, diz. Contudo, reconhece que prazer, mesmo, tinha na categoria gaúcha. “Na Mercedes, é preciso mais prudência, afinal, o carro é mais caro, rápido - chega a 250 km/h. Já na Marcas & Pilotos, o carro, que vai até 190 km/h na média, te permite uma corrida de muito mais contato e, por isso, mais ultrapassagens. Tu podes arriscar mais. Por isso, no início, também bati mais na Mercedes, pois é uma pilotagem diferente”, avalia. “Parei mesmo com a Marcas & Pilotos mais é pela falta de tempo de correr as duas categorias. No ano passado, foram 22 fins de semana fora de casa por causa disso. E preciso de qualquer forma me dedicar aos meus negócios - são dois postos de gasolina e estou colocando o terceiro -, à minha família, aos meus três garotos”, detalha.
Passado, presente, futuro
Carlinhos reconhece que a falta de tempo, parcerias e mesmo patrocínio, em outros momentos da carreira, até por ser um esporte que exige, de fato, muitos recursos, foram um empecilho para ter almejado uma carreira só dedicada às pistas. E seria isso que o impediria de um dia correr a Stock Car. “Basicamente, tudo é dinheiro, patrocínio, que precisa ser bem maior, além do tempo. Corri umas provas na Light em 2013, e a concepção é outra. E na Mercedes, em três anos, só fiz um treino: vai para a corrida e volta, vai corre e volta. Isso na Stock Car é impensável.” Se um dos filhos (6, 4 e 2 anos) vai acelerar pelos mesmos caminhos, afirma: “Ainda é cedo. Não forço, mas qual pai não deseja ver o filho fazendo o mesmo que o pai?”.
Contexto
Para ele, o Vale não teria condições ainda de sediar um autódromo. “Quanto mais autódromos, melhor, mas o problema é a viabilidade de mantê-los. Hoje, já temos quatro no RS, e isso está difícil. Se Caxias do Sul projeta um e não consegue, acho que um no Vale do Taquari não seria viável.” Segundo o piloto, hoje, mais do que o acesso a carros e pistas, é a falta de mídia e de apoio do Poder Público o grande obstáculo do automobilismo. “Na Argentina, parte da venda das fábricas de automóveis reverte para o automobilismo. Hoje, são poucas as pessoas que param para olhar uma corrida de automóvel no Brasil, mesmo pela TV. Olha o caso da Fórmula 1, que morreu com o Ayrton Senna. Hoje, falta base, desde o kart. No Brasil, a única de base é aqui no Estado, a Fórmula RS. Então, se não se tem uma base estruturada, tu não tens em quem se espelhar; um ídolo não vai se avançar. As largadas ficam restritas aos apaixonados.”
Corrida inesquecível
Foi no Brasileiro de 2013 do Marcas & Pilotos (apenas um festival, limitado a 50 carros e a um único circuito, com três corridas no mesmo fim de semana), em Guaporé. “Entre 48 pilotos de sete estados do país, fiz o segundo tempo no treino. Na largada da primeira bateria caí para 3º, e logo na curva perdi a minha porta num toque. Recebi bandeira de conserto, em que em três voltas sou obrigado a entrar para consertar o defeito. Mesmo sem a porta, assumi a liderança. No boxe, recolocaram a porta, mas voltei para a pista em último, mas fechei em 17º. Na segunda bateria, larguei nessa posição e venci a corrida. Mas alegando algumas questões de regulamento envolvendo a porta, perdi 20 segundos no pós-prova e acabei algumas posições abaixo.”

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