02/08/2017

Rodrigo Ely

O xerifão da zaga

Rodrigo Ely
O xerifão da zaga
Milan – A trajetória de Rodrigo Ely (22), 1,90 de altura, 86 kg e chuteira 42; no velho continente e as dez convocações para defender as seleções de base da Itália, podem ter sido fatores preponderantes para que Alexandre Gallo, ex-técnico da seleção brasileira sub 21, o convocasse para defender a camisa amarelinha, em preparação para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Paralelo a esta alegria, o zagueiro de Lajeado foi contratado pela equipe profissional do Milan e ainda recebeu de presente de Deus, a chegada de sua filha Antonella, para coroar de vez, o bom momento de Ely, em sua ascensão profissional e pessoal. Contatado pela revista Encontro com o Esporte, Rodrigo diz que vive um momento especial em sua vida e que não medirá esforços para corresponder às expectativas de seus familiares, amigos e torcedores. Seu porto seguro é a família, e é nos momentos com a esposa, Juliana Chiarelli Conte Ely (24), sua filha Antonella e sua cachorrinha Fiona, que ele renova suas energias, para bem representar sua cidade e seu país.
Trajetória
O zagueiro Rodrigo Ely seguiu o rumo de outros milhares de atletas. O Brasil exporta cerca de mil jogadores por ano, a maioria para a Europa. Aos cinco anos iniciou na Escolinha do Clube Esportivo Sete de Setembro os primeiros ensinamentos do mundo da bola. Seis anos depois, foi chamado para defender a camisa do Juventude, em Caxias do Sul. Jogando pelo Juventude, o talento de Rodrigo despertou o interesse dos olheiros do Grêmio, e o menino foi contratado para jogar nas categorias de base do clube, defendendo a camisa tricolor.
Desta vez, a mudança foi um pouco maior, pois além de se tratar de uma das maiores potências do futebol gaúcho, Rodrigo, com 13 anos de idade, teria que deixar a casa dos pais e morar em Porto Alegre. "Foi complicado a questão da adaptação, tinha meninos de vários lugares do Brasil e eu estava longe de meus pais", relata.
Mas o compromisso maior ainda estava por vir, após permanecer dois anos em Porto Alegre, o jogador foi contratado para fazer parte das categorias de base de um dos maiores clubes da Itália, Milan. "Jogar na Europa sempre foi um sonho pra mim."
No novo clube, recebeu elogios do então treinador Leonardo, tetracampeão pela seleção brasileira em 1994. As comparações foram imediatas: foi chamado de “novo Thiago Silva”, zagueiro que se destacava no time à época. As boas atuações chamaram atenção das seleções de base da Itália.
A chance veio com 18 anos, em 2011. “Não dá para saber quantas vezes uma oportunidade se apresenta na vida, por isso aceitei. Agradeço muito à Itália, mas meu coração, quando fala de Brasil, bate mais forte. Eu saí do Brasil, mas o Brasil não saiu de mim”, brincou Ely.”
No caso dele, a oportunidade se apresentou não uma, mas duas vezes. Sem muita esperança, ele acompanhava à distância as convocações das seleções de base do Brasil – até tomar o susto com um telefonema do amigo de infância Cleverton Ferrari, informando que seu nome constava na lista de convocação da Seleção Brasileira, no grupo que vai disputar as Olimpíadas de 2016.
Destino
Rodrigo e Juliana estão juntos há quatro anos, o casal se conheceu quando o jogador veio para casa de seus pais, em Lajeado, para passar as férias. "Nós ficamos duas semanas juntos e eu precisei voltar para Europa", lembra Rodrigo. Como um morava no Brasil e outro na Itália, se tornava complicado manter a relação. "Conversávamos dia e noite pelas redes sociais, eu não conseguia prestar atenção na aula, nem ele nos treinos."
Juliana, antes de conhecer Rodrigo, trabalhava como modelo, estava acostumada com a Europa e viagens pelo mundo, então, pediu para seu pai para que pudesse voltar para Milão e ver Rodrigo, mas escutou um não como resposta. Cursando Direito na Univates e sem saber o que fazer para rever seu amor, a modelo resolveu resgatar a profissão e viajar a trabalho. "Fui para Milão como modelo e encontrei o Rodrigo novamente."
Para provar a eles mesmos, e principalmente para a família, que a relação dos jovens era assunto de gente grande, eles resolveram se casar e hoje moram juntos em Milão. "No início meu pai disse: ir para Milão? Como assim?, mas hoje ele já entende. Toda família já está mais acostumada com a saudade."
Mudança de hábitos
Mesmo que com experiências no exterior, o casal gaúcho precisou se adaptar aos costumes italianos e regras no novo país. "Não foi tão difícil, pois a comida e idioma são bem parecidos, mesmo assim, quando mudamos precisamos nos reabilitar, é uma vida diferente", comenta Rodrigo.
Apesar de não ser um povo tão caloroso e receptivo, os italianos receberam o jogador de braços abertos. "Eles são pessoas mais frias, mas com uma relação e carinho muito forte pelo Brasil. Fui bem recebido e logo fiz amizades."
A temperatura, em relação com o Rio Grande do Sul não muda muito, mas para o casal, o inverno é predominante. "Lá é igual aqui, muito calor ou muito frio, sempre ao extremo, só que quando é verão lá, viemos passar as férias no Brasil, dai é inverno aqui, e quando voltamos está começando o inverno lá" explica Juliana.
Bate e rebate
Encontro com o Esporte – O que representa a família na vida de um jogador?
Rodrigo Ely – Para me tornar atleta tive que abdicar de uma infância em família, adolescência rodeada de amigos e festas e de parte dos meus estudos, porque fui ainda jovem morar no exterior. A minha família foi a minha base. Foram quem desde o início me deram força e me apoiaram na minha escolha. O papel da família é muito importante, penso que uma pessoa sem este apoio ou acaba se perdendo no meio ou desiste do seu sonho.
Encontro com o Esporte – O sonho de criança virou realidade?
Rodrigo Ely – Muitos já foram conquistados. O meu grande sonho agora, e o de jogar nas Olimpíadas de 2016. Estou focado nisso e no campeonato italiano.
Encontro com o Esporte – Qual o sentimento de vestir a camisa da seleção Brasileira?
Rodrigo Ely – Vestir a camisa da seleção, com certeza mexe com o lado emocional do jogador. Imagino que seja o sonho de qualquer um, poder um dia representar seu país em campo. Pra mim tem sido sempre uma emoção diferente a cada convocação.
Encontro com o esporte – Muitos amigos ou muitas amizades?
Rodrigo Ely – Tenho poucos e bons amigos, aqueles que posso contar nos dedos e que cresceram comigo. Conhecem minha trajetória e sei que independente do que aconteça, poderei sempre contar com eles. Amizades, acabamos fazendo sempre, é uma consequência desta profissão. Você acaba conhecendo muitas pessoas ao longo dos anos.
Encontro com o Esporte – O que representa o torcedor na vida do jogador de futebol?
Rodrigo Ely – A importância de um torcedor para um jogador é a de despertar no jogador à vontade/gana de lutar e vencer juntos por uma mesma causa, de saber ouvir e aceitar críticas e assim melhorar como jogador.
Encontro com o Esporte – E os empresários?
Rodrigo Ely – Com o empresário a relação é antes de tudo profissional. Ele tem que acreditar em você e você tem que confiar no trabalho dele, caso contrário, não funciona.
Encontro com o Esporte – Em quem se espelhar?
Rodrigo Ely – Tento sempre pegar um pouco daquilo que penso ser o melhor de cada jogador, e aplicar pra mim, na minha carreira. Como jogador do time principal do Milan, a vida ficou mais corrida. São maiores as responsabilidades e as cobranças, além de mais tempo de treinos e menos de lazer.
Encontro com o Esporte – Voltar a Lajeado é...
Rodrigo Ely – Preencher aos poucos, o tempo em que estive fora, curtindo amigos e familiares.
Encontro com o Esporte – Uma mensagem para os pequenos atletas que iniciam nas escolinhas em busca de um futuro no futebol...
Rodrigo Ely – A minha mensagem aos que sonham com essa carreira, e a de sempre acreditar no potencial que você tem, independente do que os outros venham a te dizer. Focar no seu sonho e dar tudo de si, que os resultados começam a aparecer.

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