09/08/2017
Luís André Dutra, o “Paulão”
Paulão é um dos “guris” do Gauchão de 1991
Ex-Lajeadense
Paulão é um dos “guris” do Gauchão de 1991
Luís André Dutra, o “Paulão”, 45 anos, foi um dos jogadores que fizeram história e ajudaram o Lajeadense a ter uma das campanhas mais lembradas pelos torcedores
Um dos jogadores que fizeram história no Lajeadense e integraram a equipe mais lembrada do clube - “os guris de 1991” - foi Luís André Dutra, o “Paulão”, hoje com 45 anos. Sua trajetória no futebol passou por altos e baixos. Teve dez anos de carreira profissional. Ficou duas semanas em um time da Alemanha. Lesionou-se e voltou para o Brasil. Logo depois, encerrou sua carreira e se viu de mãos atadas para o mercado de trabalho, tendo que atuar como faxineiro. Deu a volta por cima, e, hoje, joga em times do futebol amador do Vale do Taquari e labora, há nove anos, na Valecross, em Lajeado.
A história de Paulão começou no futebol de salão no time Bocage do Paroquial do Centro de Arroio do Meio, ainda guri, com 12 anos. “A gurizada se encontrava para jogar no salão e aprender mais sobre o esporte.” Os guris cresceram e resolveram jogar futebol de campo.
Com 15 anos, seu primeiro time foi o Olarias de Lajeado, em um campeonato de juvenil. Depois de um ano, integrou o Sete de Setembro de São Caetano, e a gurizada começou a aparecer e sonhar mais alto. Surgiu a oportunidade de fazer teste no Alviazul, e lá estavam eles.
Paulão tinha quase 18 anos, e o objetivo era atuar no gol do Lajeadense. “Quando cheguei no teste, tinha sete goleiros pra treinar, e como a competição era muito grande para uma vaga, me sugeriram fazer teste para lateral esquerdo porque só tinha dois.” Em cima da hora, mudou de posição, fez o exame, treinou e conseguiu um lugar naquele plantel. Jogou nos juniores do Alviazul em 1989 e em 1990.
Conta que o ano foi o que ficou marcado na história do clube. A equipe não conquistou títulos, mas deixou sinais por sempre estar entre os quatro melhores do Estado. “Ficavam sempre no topo Grêmio, Inter, Nova Hamburgo e Lajeadense.”
Em 1991, esse grupo levou sete jogadores para o time principal do clube e deixou ainda mais marcas na história, sendo lembrado até hoje pelos torcedores como “os guris” que fizeram história no Lajeadense. “Oitenta por cento da equipe era de juniores, de guris formados em Lajeado mesmo.” Eles ficaram vice-campeões da Série A do Gauchão.
Paulão ficou no Alviazul até 1993, depois foi para o Ipiranga de Sarandi, onde disputou a Divisão de Acesso. Em 1994, jogou no Novo Hamburgo. Em 1995 e 1996, voltou para o Lajeadense como profissional. Em 1997, atuou na Divisão de Acesso do São José de Cachoeira, onde ficou campeão.
Em 1998, conheceu a Europa; ficou por duas semanas em um time da Terceira Divisão, no Wuppertal da Alemanha, mas se machucou e teve que retornar ao Brasil. “Foi pouco tempo, mas agradeço pelo conhecimento e experiência que tive. Foi marcante.” Teve que passar por uma recuperação, mas ainda nesse mesmo ano, jogou novamente no Cachoeira.
Em 1999, passou por Torrense e Taquariense e encerrou sua carreira em 2000, no Lajeadense. Decidiu deixar o profissionalismo do futebol para se dedicar ao amador do Vale do Taquari, que, na época, rendia mais, visto que poderia conciliar com outro trabalho.
Relata que, quando se tornou profissional do futebol, de 12 meses, se jogavam 11. A profissão era jogar futebol, com carteira assinada e salários todos os meses. Nos últimos anos, o campeonato se tornou muito curto. Explica que de 12 meses, um atleta trabalha apenas em três. Assim, no resto do ano, se treina sem salário. Por isso sua decisão de partir para o amador. “Foi bom enquanto durou, mas tive que tocar a vida e ajudar no sustento da casa.”
A vida fora do futebol
Sem preparo, qualificação e até mesmo estudo, Paulão teve que topar o primeiro trabalho que conseguiu depois de deixar o futebol profissional. Teve que começar do zero. Seu primeiro ofício foi de faxineiro do Genes Work&Shop de Lajeado. “Tive que arrumar um emprego que me favorecesse um bom horário porque ainda tinha que cuidar dos meus filhos. Mas não tenho vergonha da profissão que tive, bem ao contrário; conto com muito orgulho.”
Depois, trabalhou com informática, materiais de construção e, hoje, atua na Valecross.
Paulão conta que teve oportunidade e condições para estudar enquanto jogou futebol, mas, naquela época, não deu valor a isso, só queria saber do clube e não pensava no futuro. “Sempre digo que o futebol é meio burrinho. Ou se fala de mulher ou se fala de jogo. Não se para para pensar que tenho um tempo livre e preciso parar para estudar a fim de, no futuro, ter oura profissão.”
Conta que quem joga futebol só pensa em se dedicar a ser um super jogador e fazer sucesso, mas se esquece que poucos chegam lá de verdade.
Segundo ele, hoje é muito mais fácil ser um jogador de futebol. Diz que não integrou time grande, mas ressalta que poucos, hoje, aceitariam e jogariam naquela situação. “Naquela época, a gente se virava e tinha que levar o tênis e o fardamento. Não era assim como hoje, que tudo é patrocinado e que o time dá toda a estrutura.”
Teve equipe em que Paulão jogou pela renda, mas apostava no clube e que daria certo. “O futebol é bonito quando se olha de fora. O jogador está em campo e se esforçando pelo seu time. Mas o que tem por trás de tudo isso, poucos sabem.”
A grande lição do futebol que ele leva para a vida é o respeito pelos outros e tudo o que aprendeu. “A gente acaba convivendo com pessoas no coletivo e se ajudando.”
No amador
Paulão fez história em diversos times do Vale do Taquari. Ele disputou o Municipal de Lajeado por Mato Leitão. Participou de campeonatos estaduais pelo Canabarrense de Teutônia, pelo Floriano de Bom Retiro do Sul, pelo São Luís de Arvorezinha, em Ivoti e em Venâncio Aires. Hoje segue, com ritmo bem menor, mas integra torneios municipais por meio de times de Lajeado e de Caxias do Sul.
O que destaca
O que mais o marcou foram as amizades conquistadas. Salienta que muitos entram e saem do time todos os meses e, por isso, há uma rotatividade muito grande. “Só que cada pessoa que entra acaba fazendo parte de uma grande família. A gente ficava mais no clube do que em casa, então, todos ficavam muito unidos. Dá uma tristeza quando mudamos de time e temos que ir embora.” Ele tenta, atualmente, manter contato com a maioria dos jogadores com quem teve uma amizade maior.
“Não poderia esquecer de agradecer a minha esposa Eliane, que me apoiou e teve muita paciência durante todos estes anos, em que o futebol sempre esteve presente em minha vida” salienta o jogador.
Títulos conquistados
- Vice-campeão gaúcho pelo Lajeadense - Série A
- Campeão gaúcho da Série B (Divisão de Acesso) pelo São José/Cachoeira
- Campeão do Regional com a Campestre
- Diversos títulos municipais e regionais com União de Carneiros
- Campeão estadual com o Canabarrense
- Campeão municipal de Boqueirão do Leão
- Campeão regional Série B com o Olarias
- Campeão regional Série B com o Arroio Alegrense
- Campeão Bolamar com Clube Esportivo Sete de Setembro
- Campeão do Minifutebol Galera no Clube Esportivo Sete de Setembro
- Campeão Minifutebol Unidos da Tijuca na Soges
Times em que jogou
- Bocage (Arroio do Meio)
- Juvenil do Olarias em Lajeado
- Sete de Setembro de São Caetano
- 1990 no Juniores do Lajeadense
- 1991 até 1993 no profissional do Lajeadense
- 1994 no Novo Hamburgo
- 1995 e 1996 no Lajeadense
- 1997 no São José de Cachoeira
- 1998 no Wuppertal, da Alemanha
- 1998 no Cachoeira
- 1999 no Torrense e no Taquariense
- 2000 no Lajeadense
- começou sua história nos times amadores da região
Fonte texto: Carine Krüger